O romantismo foi
um movimento cultural, literário e artístico marcado pelo individualismo e
nacionalismo além da valorização das
emoções e da liberdade de
criação, ele se
iniciou na Europa, século XVIII, e durou grande parte do século XIX, no qual,
durante esse período, se espalhou pelo mundo.
No “Novo Continente”, o
romantismo ganhou algumas características próprias, tais como o transcendentalismo
que levava o individualismo ao extremo. Exemplos de obras com essa característica
são: “A Natureza” de Ralph Waldo Emerson e “Canção de Mim Mesmo” de Walt
Whitman, ambos autores norte-americanos.
Os Estados Unidos tiveram um
período muito importante marcado pelo romantismo, e por sua característica
individualista que teria influenciado a colônia a conquistar emancipação política
de sua metrópole. Nele, poetas como Edgar Allan Poe e Herman Melville se destacaram no romantismo sombrio, (um
subgênero literário) com suas respectivas obras o “corvo” e “Moby Dick”.
Edgar Allan Poe, fortemente
influenciado por poetas ingleses, exibia em seu trabalho um pouco do gótico e
do idealismo. O que diferenciava Allan Poe de outros escritores góticos foi uma
de suas “filosofias”, “o homem era o criador de seus próprios fantasmas”, pois
autores da época mostravam o sobrenatural, enquanto ele via o homem e sua
loucura como os responsáveis em suas histórias.
O romantismo também foi
muito influente no México, onde temos como exemplo a obra O Periquillo Sarniento, um romance escrito por José Joaquín
Fernández de Lizardi, que pode ser considerado um dos primeiros romances
escritos na América Latina, que tem um aspecto romântico por conta da expressão
do nacionalismo, e por mostrar personagens característicos do seu local de
origem.

Outro país com forte influência
do romantismo foi a Venezuela com destaque do escritor José Antonio Maitin com
sua popular escritura Cantos Fúnebres, fortemente atraído por poetas românticos
Ingleses. Foi considerado “o fundador” do romantismo na Venezuela.
No Brasil o marco inicial do romantismo foi “Suspiros Poéticos e Saudades” de
Gonçalves de Magalhães que é marcado pelo nacionalismo e a lusofobia que se
tornaram comuns na literatura da época devido à independência representado também em autores como
Gonçalves Dias. A visão da morte como o fim de
problemas está muito presente na obra “Lucíola” (escrita pelo autor
brasileiro José de Alencar) em que destacamos seu fim, o qual mostra que
ela só obtém a paz que busca após sua morte. Esse movimento também foi a chave
da crítica brasileira sobre alguns aspectos sociais ocorridos na época, como
mostra o “Poeta dos Escravos”, Castro Alves, que não só destaca uma
forma de amor diferente da visão de alguns autores da época como faz suas
críticas sociais. Já Álvares de Azevedo expressa em suas obras os seus
sentimentos, também tendo a morte como forte marcação em seus textos, contando
com a imaginação. Casimiro de Abreu teve como expressiva inspiração Gonçalves
Dias, mostrando em suas poesias uma certa “nostalgia” falando mais sobre
sua infância e ícones de sua família, uma de suas principais obras foi “Meus
Oito Anos”. Outro poeta do século XIX é Junqueira Freire, com sua
principal obra sendo “Contradições poéticas” que mostra algumas de suas
“marcas” como o pessimismo em relação à vida e o gosto pelo pecado, além de
demonstrar o gosto e a aceitação da morte.
O
Corvo
Numa meia-noite
agreste, quando eu lia, lento e triste,
Vagos, curiosos tomos de ciências ancestrais,
E já quase adormecia, ouvi o que parecia
O som de algúem que batia levemente a meus umbrais.
"Uma visita", eu me disse, "está batendo a meus umbrais.
Vagos, curiosos tomos de ciências ancestrais,
E já quase adormecia, ouvi o que parecia
O som de algúem que batia levemente a meus umbrais.
"Uma visita", eu me disse, "está batendo a meus umbrais.
É só isto, e nada mais."
Ah, que bem disso me
lembro! Era no frio dezembro,
E o fogo, morrendo negro, urdia sombras desiguais.
Como eu qu'ria a madrugada, toda a noite aos livros dada
P'ra esquecer (em vão!) a amada, hoje entre hostes celestiais -
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais,
E o fogo, morrendo negro, urdia sombras desiguais.
Como eu qu'ria a madrugada, toda a noite aos livros dada
P'ra esquecer (em vão!) a amada, hoje entre hostes celestiais -
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais,
Mas sem nome aqui jamais!
Como, a tremer frio e
frouxo, cada reposteiro roxo
Me incutia, urdia estranhos terrores nunca antes tais!
Mas, a mim mesmo infundido força, eu ia repetindo,
"É uma visita pedindo entrada aqui em meus umbrais;
Uma visita tardia pede entrada em meus umbrais.
Me incutia, urdia estranhos terrores nunca antes tais!
Mas, a mim mesmo infundido força, eu ia repetindo,
"É uma visita pedindo entrada aqui em meus umbrais;
Uma visita tardia pede entrada em meus umbrais.
É só isto, e nada mais".
E, mais forte num
instante, já nem tardo ou hesitante,
"Senhor", eu disse, "ou senhora, decerto me desculpais;
Mas eu ia adormecendo, quando viestes batendo,
Tão levemente batendo, batendo por meus umbrais,
Que mal ouvi..." E abri largos, franqueando-os, meus umbrais.
"Senhor", eu disse, "ou senhora, decerto me desculpais;
Mas eu ia adormecendo, quando viestes batendo,
Tão levemente batendo, batendo por meus umbrais,
Que mal ouvi..." E abri largos, franqueando-os, meus umbrais.
Noite, noite e nada mais.
A treva enorme
fitando, fiquei perdido receando,
Dúbio e tais sonhos sonhando que os ninguém sonhou iguais.
Mas a noite era infinita, a paz profunda e maldita,
E a única palavra dita foi um nome cheio de ais -
Eu o disse, o nome dela, e o eco disse aos meus ais.
Dúbio e tais sonhos sonhando que os ninguém sonhou iguais.
Mas a noite era infinita, a paz profunda e maldita,
E a única palavra dita foi um nome cheio de ais -
Eu o disse, o nome dela, e o eco disse aos meus ais.
Isso só e nada mais.
Para dentro então
volvendo, toda a alma em mim ardendo,
Não tardou que ouvisse novo som batendo mais e mais.
"Por certo", disse eu, "aquela bulha é na minha janela.
Vamos ver o que está nela, e o que são estes sinais."
Meu coração se distraía pesquisando estes sinais.
Não tardou que ouvisse novo som batendo mais e mais.
"Por certo", disse eu, "aquela bulha é na minha janela.
Vamos ver o que está nela, e o que são estes sinais."
Meu coração se distraía pesquisando estes sinais.
"É o vento, e nada mais."
Abri então a vidraça,
e eis que, com muita negaça,
Entrou grave e nobre um corvo dos bons tempos ancestrais.
Não fez nenhum cumprimento, não parou nem um momento,
Mas com ar solene e lento pousou sobre os meus umbrais,
Num alvo busto de Atena que há por sobre meus umbrais,
Entrou grave e nobre um corvo dos bons tempos ancestrais.
Não fez nenhum cumprimento, não parou nem um momento,
Mas com ar solene e lento pousou sobre os meus umbrais,
Num alvo busto de Atena que há por sobre meus umbrais,
Foi, pousou, e nada mais.
E esta ave estranha e
escura fez sorrir minha amargura
Com o solene decoro de seus ares rituais.
"Tens o aspecto tosquiado", disse eu, "mas de nobre e ousado,
Ó velho corvo emigrado lá das trevas infernais!
Dize-me qual o teu nome lá nas trevas infernais."
Com o solene decoro de seus ares rituais.
"Tens o aspecto tosquiado", disse eu, "mas de nobre e ousado,
Ó velho corvo emigrado lá das trevas infernais!
Dize-me qual o teu nome lá nas trevas infernais."
Disse o corvo, "Nunca mais".
Pasmei de ouvir este
raro pássaro falar tão claro,
Inda que pouco sentido tivessem palavras tais.
Mas deve ser concedido que ninguém terá havido
Que uma ave tenha tido pousada nos meus umbrais,
Ave ou bicho sobre o busto que há por sobre seus umbrais,
Inda que pouco sentido tivessem palavras tais.
Mas deve ser concedido que ninguém terá havido
Que uma ave tenha tido pousada nos meus umbrais,
Ave ou bicho sobre o busto que há por sobre seus umbrais,
Com o nome "Nunca mais".
Mas o corvo, sobre o
busto, nada mais dissera, augusto,
Que essa frase, qual se nela a alma lhe ficasse em ais.
Nem mais voz nem movimento fez, e eu, em meu pensamento
Perdido, murmurei lento, "Amigo, sonhos - mortais
Todos - todos já se foram. Amanhã também te vais".
Que essa frase, qual se nela a alma lhe ficasse em ais.
Nem mais voz nem movimento fez, e eu, em meu pensamento
Perdido, murmurei lento, "Amigo, sonhos - mortais
Todos - todos já se foram. Amanhã também te vais".
Disse o corvo, "Nunca mais".
A alma súbito movida
por frase tão bem cabida,
"Por certo", disse eu, "são estas vozes usuais,
Aprendeu-as de algum dono, que a desgraça e o abandono
Seguiram até que o entono da alma se quebrou em ais,
E o bordão de desesp'rança de seu canto cheio de ais
"Por certo", disse eu, "são estas vozes usuais,
Aprendeu-as de algum dono, que a desgraça e o abandono
Seguiram até que o entono da alma se quebrou em ais,
E o bordão de desesp'rança de seu canto cheio de ais
Era este "Nunca mais".
Mas, fazendo inda a
ave escura sorrir a minha amargura,
Sentei-me defronte dela, do alvo busto e meus umbrais;
E, enterrado na cadeira, pensei de muita maneira
Que qu'ria esta ave agoureia dos maus tempos ancestrais,
Esta ave negra e agoureira dos maus tempos ancestrais,
Sentei-me defronte dela, do alvo busto e meus umbrais;
E, enterrado na cadeira, pensei de muita maneira
Que qu'ria esta ave agoureia dos maus tempos ancestrais,
Esta ave negra e agoureira dos maus tempos ancestrais,
Com aquele "Nunca mais".
Comigo isto
discorrendo, mas nem sílaba dizendo
À ave que na minha alma cravava os olhos fatais,
Isto e mais ia cismando, a cabeça reclinando
No veludo onde a luz punha vagas sobras desiguais,
Naquele veludo onde ela, entre as sobras desiguais,
À ave que na minha alma cravava os olhos fatais,
Isto e mais ia cismando, a cabeça reclinando
No veludo onde a luz punha vagas sobras desiguais,
Naquele veludo onde ela, entre as sobras desiguais,
Reclinar-se-á nunca mais!
Fez-se então o ar
mais denso, como cheio dum incenso
Que anjos dessem, cujos leves passos soam musicais.
"Maldito!", a mim disse, "deu-te Deus, por anjos concedeu-te
O esquecimento; valeu-te. Toma-o, esquece, com teus ais,
O nome da que não esqueces, e que faz esses teus ais!"
Que anjos dessem, cujos leves passos soam musicais.
"Maldito!", a mim disse, "deu-te Deus, por anjos concedeu-te
O esquecimento; valeu-te. Toma-o, esquece, com teus ais,
O nome da que não esqueces, e que faz esses teus ais!"
Disse o corvo, "Nunca mais".
"Profeta",
disse eu, "profeta - ou demônio ou ave preta!
Fosse diabo ou tempestade quem te trouxe a meus umbrais,
A este luto e este degredo, a esta noite e este segredo,
A esta casa de ância e medo, dize a esta alma a quem atrais
Se há um bálsamo longínquo para esta alma a quem atrais!
Fosse diabo ou tempestade quem te trouxe a meus umbrais,
A este luto e este degredo, a esta noite e este segredo,
A esta casa de ância e medo, dize a esta alma a quem atrais
Se há um bálsamo longínquo para esta alma a quem atrais!
Disse o corvo, "Nunca mais".
"Profeta",
disse eu, "profeta - ou demônio ou ave preta!
Pelo Deus ante quem ambos somos fracos e mortais.
Dize a esta alma entristecida se no Éden de outra vida
Verá essa hoje perdida entre hostes celestiais,
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais!"
Pelo Deus ante quem ambos somos fracos e mortais.
Dize a esta alma entristecida se no Éden de outra vida
Verá essa hoje perdida entre hostes celestiais,
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais!"
Disse o corvo, "Nunca mais".
"Que esse grito
nos aparte, ave ou diabo!", eu disse. "Parte!
Torna á noite e à tempestade! Torna às trevas infernais!
Não deixes pena que ateste a mentira que disseste!
Minha solidão me reste! Tira-te de meus umbrais!
Tira o vulto de meu peito e a sombra de meus umbrais!"
Torna á noite e à tempestade! Torna às trevas infernais!
Não deixes pena que ateste a mentira que disseste!
Minha solidão me reste! Tira-te de meus umbrais!
Tira o vulto de meu peito e a sombra de meus umbrais!"
Disse o corvo, "Nunca mais".
E o corvo, na noite
infinda, está ainda, está ainda
No alvo busto de Atena que há por sobre os meus umbrais.
Seu olhar tem a medonha cor de um demônio que sonha,
No alvo busto de Atena que há por sobre os meus umbrais.
Seu olhar tem a medonha cor de um demônio que sonha,
E a luz lança-lhe a
tristonha sombra no chão há mais e mais,
Libertar-se-á... nunca
mais!
O poema tem ideais do romantismo, tais como a
expressão das emoções, também mostra o apreço pela morte(de uma maneira contraditória, pois o eu lírico passa
o poema tentando evitar o corvo mas ao mesmo tempo não quer se esquecer das
lembranças que ele traz, que são as lembranças da morte de sua amada). O poema também mostra o ideal grotesco e a fuga da realidade ao mostrar o eu lírico conversando com um corvo.
Referências:
http://www.brasilescola.com/literatura/romantismo.
http://www.soliteratura.com.br/romantismo/romantismo02.php
http://www.soliteratura.com.br/romantismo/
http://www.notapositiva.com/trab_estudantes/trab_estudantes/portugues/portugues_trabalhos/romantismo.htm
http://educacao.globo.com/literatura/assunto/movimentos-literarios/romantismo-terceirageracao.
html
http://www.brasilescola.com/literatura/alvares-de-azevedo.
http://educaterra.terra.com.br/literatura/romantismo/romantismo_32.htm
http://www.brasilescola.com/literatura/junqueira-freire.htm
https://cartaroubada.wordpress.com/2012/03/29/romantismo-americano-com-edgar-allanpoe-uma-pequena-introducao/abemosdetudo.com/educacao/ask87862-
Eu_me_pergunto_se_o_Periquillo_Sarniento_corresponde_ao_movimento_neoclassico_ou_
hispanoame_Romantismo.html
http://venezuelacultura.blogspot.com.br/2007/11/literatura-na-venezuela.html
http://www.mcnbiografias.com/app-bio/do/show?key=maitin-jose-antonio
Alunos:
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